Linguajar perfeito, perfeito...
Linguajar este, que me foi enviado por uma amiga, perguntando-me se entendia a mensagem ou precisava de explicação.
Aqui para vós, assim se fala na terra onde ela nasceu e da qual muito se orgulha:
"Tava o vendeiro no paleio com o vadio do vilão quando ouviu uma zoada. Era a água de giro.
O buzico do levadeiro que vinha mercar palhetes à venda, vinha às carreiras e a fazer patifarias e a chungalhar os badalos da vizinhança pelo caminhe abaixe como um demoine.
Dá-lhe uma cangueira, trompicou nas passadas e empuxou o vilhão qué um cangalhe dum home. Bate cas ventas no lanço e esmegalha a pucra.
O vilhão dá-lhe uma reina vai a cima dele para lhe dar uma relampada, patinha uma poia. Ficou todo sovento.
O vendeiro dá-lhe uma rezonda por ele querer malhar num bizalho dum piquene.
Vem o levadeiro, e, ao ver o vassola, que anda à gosma e a encher o pandulho à custa dos outros, a ferrar com o filho, fica variado do miolo e diz-lhe umas.
O vilão atazanado, atremou mal e pensou que ele lhe tinha chamado de chibarro, ficou alcançado, deu-lhe uma rabanada e foi embora Todo esfrancelhado.
O levadeiro ficou mais que azoigado mas lá foi desantupir a levada.
O piquene chegou a casa todo sentido, com um mamulhe.
A mãe que é uma rabugenta mas abica-se por ele, ao ver ele todo imantado e a tremelicar das canetas, deu-lhe um chá que era uma água mijoca, pensando que canalha é mesmo assim, mas, como ele não arribava, antes continuava olheirento, entujado e da chorrica foi curar do bicho virado e do olhado roxo.
O busico arribou e até já anda a saltar poios de bananeiras na Fajã."
Texto que me foi gentilmente enviado pelo Marco Pestana e dito na Antena 1 Madeira pelo Pablo Camacho.
Muito obrigada a ambos.
De facto, não posso "cramar", tenho bons ouvintes a colaborar...
Xana.
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009
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Gostava de saber como posso consultar a tese da Ana Cristina Figueiredo, "Palavras de Aquintrodia". Fiquei curioso pelo trabalho.
ResponderEliminarSerá que já está disponível na biblioteca da UMA?
Melhores Cumprimentos
Henrique Freitas
"Não dês o passo maior que a passada".
ResponderEliminarLembro-me que a vereda para casa era empedrada e para melhorar os acessos, foram construídas passadas (degraus).
Assim, o caminho ficou bom, mesmo até o terreiro (quintal) e mais facilmente podíamos transportar as compras.
Henrique Freitas
Não sei já foi referido:
ResponderEliminarCaí e fiquei entramelado (magoado, e com dificuldade em movimentar-se).
Lembrei-me também das "marcas", que se desprendem das camisas e depois têm de ser cosidas.
Esta foi "roubada" à Lília Marta (a quem, mais uma vez tiro o meu chapéu). Retirado do blog "O Rabo do Gato"
ResponderEliminarÉ reles como trevisco (planta selvagem que dizem ser venenosa).
Penso que ontem perguntaram sobre expressões específicas de determinadas zonas da ilha.
Lembrei-me que na Camacha, era costume chamar a mãe como "senhora mãe". Penso que em mais nenhum sítio a tratam desse jeito.
Também na Camacha, quando querem perguntar se alguém vai ver o jogo de futebol, perguntam se essa pessoa vai ver o "desafio".
Henrique Freitas