segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Em bom madeirense.

Breve Dicionário Madeirense

Abicar-se - Atirar-se.
Á cão - Diz-se quando se apanha um susto.
Á pata - Ir a pé.
Ah mãe! - Expressão de surpresa.
Arrenca - mandar embora.
Atremar - Ver, compreender.
Ave rara - menosprezar uma pessoa.
Bábeda - Pequena erupção da pele;
Batatas - Punhadas.
Bicho de pêssego - Diz-se de quem é irriquieto.
Bicho do buraco - Diz-se de quem é acanhado.
Bilhardeiro - Alguém que não consegue guardar segredo
Boseira - Indivíduo sem vontade para trabalhar; bosta.
Buzico - Nome que dão ás crianças.
Cachimónia - Cérebro.
Cagança - Vaidade
Carrolaço - Tapona no pescoço.
Carroulo - Parte de trás do pescoço.
Cá te viste - Afirmação negativa." Para receber ele é menino, mas para dar cá te viste"
Chibarro - alguém que não consegue guardar segredo.
Chorrica - Diarreia.
Corno manso - homem submisso à mulher.
Cubano - Habitante de Portugal continental.
Dar água a pintos - Que não dá nada; pessoa muito forreta.
Dar no porco - Ter insucesso.
Dentinho - Petisco para tomar bebidas.
Em cima dos cornos - Em cima da cabeça.
Estepilha - Define admiração.
Fazer focinho - Mostrar que não lhe apetece.
Feio com uma noite dos trovões - Pessoa muito feia.
Fazer o catatau - Molestar; fazer sofrer.
Gadelha - Cabelo da cabeça.
Gosma - Pessoa que tem por hábito obter coisas por favor.
Grêlo no ar - Diz-se de mulher que manifeste desejo de ter relações amorosas.
Joeira - Papagaio de papel.
Já fui e já vim - Fui lá e já voltei.
Lagaceira - Água espalhada pelo chão.
Lanço - Caudal secundário das levadas.
Mau como as cobras - Pessoa muito má.
Nem todos os dias é dia de festa - O mesmo que: "Nem sempre se faz isso".
Não fosses - Não mexas.
Não andamos na escola juntos - Repreensão que se faz a alguém que não se conhece e nos trata por tu.
O que vier morre - O mesmo que: " O que me derem serve".
Paciência de corno - Diz-se quando se tem paciência para aturar alguém que nos chateia constantemente.
Padaria - rabo em tom de gozo.
Pancume - Pancadaria.
Rabichól - rabo.
Reina - Zanga.
Renheta - Indivíduo de nunca está satisfeito.
Roeza - Fome.
Tempo do rei quinze - Tempo antigo.
Tosse de cachorro - Tosse rouca.
Trambolhar - Cair.
Vaca - Mulher corpulenta.
Ver um mosquito nas desertas - Diz-se de pessoa que tem boa vista. (desertas:são ilhas que se vêem da madeira)
Xou - Termo usado para enxotar.

6 comentários:

  1. Alguns termos que me recordo:

    Venda - Mercearia
    Palhetes - Fósforos
    Caçoar - Fazer troça
    Gavela - Molho de qualquer coisa (erva, lenha)
    Arriba dos pés - Evacuar, defecar
    Tem-te não caias - Aguenta-te
    Manta - poio
    Mercar - comprar
    Ementes - Enquanto (este termo também é muito utilizado nos Açores)


    Estive a escutar a origem da palavra bilhardice e lembrei-me que quando era miúdo, os brinquedos não abundavam e tínhamos um jogo que chamávamos Bilhardeira, que consistia em acertar com um pau que servia de bastão num pau mais pequeno. Não sei se terá ainda alguma coisa a ver com a origem desta palavra.

    Para todos os que se interessam, acho que seria oportuno divulgar o blog da Lilia Mata (http://o-rabo-do-gato.blogspot.com/) onde constam inúmeros termos regionais.

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  2. Mais uma pequena ajuda

    http://www.buzico.net/regionalismos.htm

    Cumprimentos
    Henrique Freitas

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  3. Linguajar perfeito, perfeito...
    Linguajar este, que me foi enviado por uma amiga, perguntando-me se entendia a mensagem ou precisava de explicação.
    Aqui para vós, assim se fala na terra onde ela nasceu e da qual muito se orgulha:

    "Tava o vendeiro no paleio com o vadio do vilão quando ouviu uma zoada. Era a água de giro.
    O buzico do levadeiro que vinha mercar palhetes à venda, vinha às carreiras e a fazer patifarias e a chungalhar os badalos da vizinhança pelo caminhe abaixe como um demoine.
    Dá-lhe uma cangueira, trompicou nas passadas e empuxou o vilhão qué um cangalhe dum home. Bate cas ventas no lanço e esmegalha a pucra.
    O vilhão dá-lhe uma reina vai a cima dele para lhe dar uma relampada, patinha uma poia. Ficou todo sovento.
    O vendeiro dá-lhe uma rezonda por ele querer malhar num bizalho dum piquene.
    Vem o levadeiro, e, ao ver o vassola, que anda à gosma e a encher o pandulho à custa dos outros, a ferrar com o filho, fica variado do miolo e diz-lhe umas.
    O vilão atazanado, atremou mal e pensou que ele lhe tinha chamado de chibarro, ficou alcançado, deu-lhe uma rabanada e foi embora Todo esfrancelhado.
    O levadeiro ficou mais que azoigado mas lá foi desantupir a levada.
    O piquene chegou a casa todo sentido, com um mamulhe.
    A mãe que é uma rabugenta mas abica-se por ele, ao ver ele todo imantado e a tremelicar das canetas, deu-lhe um chá que era uma água mijoca, pensando que canalha é mesmo assim, mas, como ele não arribava, antes continuava olheirento, entujado e da chorrica foi curar do bicho virado e do olhado roxo.
    O busico arribou e até já anda a saltar poios de bananeiras na Fajã."

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  4. Olho-de-boi - Lanterna a pilhas ( de mão )

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  5. "Vai-te cão para Argel" - Expressão muito antiga, muito provavelmente, segundo várias fontes, com origem na escravatura moura na Região. Quando queriam ofender o " pagão" mouro...

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