sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Telefonias 11 Nov. 09

. Palavra do dia.

Mamata
(mamar + -ata) s. f.

1. Empresa ou administração pública em que políticos e funcionários protegidos auferem lucros ilícitos.

2. Exploração ou lucro que resulta de suborno ou tráfico de influências. = comilagem, ladroagem

3. Pop. Negociata, roubo.

4. Emprego lucrativo sem grande esforço. = , mama, sinecura, teta, tribuneca, veniaga

5. Ganho ou coisa pouco lícita. = expediente, marosca

6. Propina.

7. Comezaina.

In Dicionário Priberam da Língua Portuguesa on line .



D. Ximenes Belo, antigo Bispo de Díli e Nobel da Paz, chega hoje à Madeira para presidir ao lançamento do livro “Gentio de Timor” e participar em várias iniciativas oficiais.

A D. Ximenes Belo é uma das personalidades timorenses mais notáveis do nosso tempo, ligadas ao processo de independência de Timor-Leste, tendo recebido o Nobel da Paz em 1996, juntamente com Ramos Horta.
A sua presença na Madeira (chega hoje ao fim do dia) prende-se com uma série da iniciativas relacionadas com a sua terra natal e a convite de várias entidades.
Às 18 horas celebrará missa na igreja de Câmara de Lobos, em homenagem às vítimas do massacre de Santa Cruz (cemitério de Timor-Leste, a 12 de Novembro de 1991).
A visita do antigo Bispo de Díli a Câmara de Lobos tem a ver particularmente com o lançamento do livro “Gentio de Timor”, da autoria do capitão Armando Pinto Correia (natural do Estreito de Câmara de Lobos), e que foi administrador de Baucau entre 1928 e 1934.
Trata-se de uma obra etnográfica e cultural de elevado significado para os timorenses e que agora é reeditada sob a coordenação de João Luís Gonçalves, com o patrocínio do Município camaralobense e prefácio de D. Ximenes Belo.
A apresentação desta obra está marcada para a próxima sexta-feira, às 15 horas, durante o Fórum da Associação de Escritores da Madeira que irá decorrer no Centro Cívico do Estreito de Câmara de Lobos.

In Jornal da Madeira.


. Assim ou assado:

plagiário (latim plagiarius, -ii)
adj. s. m.
Que ou aquele que plagia.

ou
plagiador
(ô)
s. m.
Plagiário.


plagiar -
v. tr. e intr.
Copiar ou imitar, sem engenho, as obras ou os pensamentos dos outros e apresentá-los como originais.

plagiato
s. m.
Acto de plagiar.

Telefonias 4 Nov. 09

.Regionalismos.

“Falares da Ilha” – Abel Marques Caldeira

Moleira – Cérebro.

Moleirinha – Fontanela Parte menbranosa das crianças de tenra idade.
"Anda, assopra a moleirinha da menina qu´ela deu-lhe no goto. "

Namora abóboras – Indivíduo namoradeiro.

Mês dui reis - Janeiro
Das Candeias - Fevereiro
De São José –Março
Da Páscoa – Abril
De Maria – Maio
De São João - Junho
De Santa Isabel - Agosto
Dai Vindimas - Setembro
Do Rosairo – Outubro
Dui Santos - Novembro
Da festa - Dezembro.


Com entrevista, em directo, a José Abel Caldeira, filho do autor de "Falares da Ilha".

Telefonias 28 Out. 09


.Regionalismos.

“Falares da Ilha” – Abel Marques Caldeira



Meia cana – Medida de 15 metros de terra.

Medo que fina – Ter muito medo. “O piqueno tem medo do pai que se fina…”

Melar – apodrecer pela raiz; quanto às plantas, o que sucede quando leva muita água.


É menino – Termo que se dá à pessoa esperta, inteligente. Artista. "O gajo p´ra jogar à bisca é menino!”

Menineiro – Aquele que nunca envelhece, que mostra sempre jovem. Diz-se também no feminino. -Menineira.


Mastrunça – Mulher mal apresentada, que não se sabe vestir. "És uma mastrunça, vai-te arranjar milhor.”
Boneca de trapos, mal amanhada. “Olha menina, a tua mastrunça que tá acolá no chão.”



. “Assim ou assado ".


Aceder ou acessar?

Qual é o verbo que corresponde à palavra acesso? Hoje usa-se com frequência acessar, estará correcto?

O verbo correspondente a acesso é aceder, pois acesso deriva do latim accessus que, por sua vez, deriva do verbo accedere, que originou o português aceder. O verbo acessar é uma criação mais recente, com origem no inglês to access, e é usado sobretudo no português do Brasil e apenas para o domínio da Informática.




. “Folhas…Deixe-as caídas à cabeceira.” - Sugestão de leitura:


As Avis.


Durante os cerca de 200 anos que durou a dinastia de Avis, que teve início com D. João I, Mestre de Avis, Portugal esteve na vanguarda da História Mundial. Neste período sentaram-se no trono português oito reis e o país conheceu nove rainhas consortes, mulheres que, muitas vezes na sombra, definiram também elas o rumo da História do reino. Filipa de Lencastre, a mãe da Ínclita Geração; Leonor de Aragão, a Triste Rainha, que foi obrigada a fugir para Castela após a morte do marido; Isabel de Lencastre, que assistiu impotente ao confronto entre o seu pai e o seu marido; Joana de Castela, conhecida como a Excelente Senhora, que, por questões políticas e dinásticas, foi enclausurada num convento; Leonor de Lencastre, que mandou construir o Convento de Madre Deus em Lisboa; Isabel de Castela, filha dos Reis Católicos de Espanha, que morreu ao dar à luz; Maria de Castela, consorte de D. Manuel I, com quem teve uma relação de cumplicidade; Leonor de Áustria, peça fundamental no jogo político do seu irmão, o imperador Carlos V; Catarina de Áustria, avó de D. Sebastião. A partir do olhar destas rainhas, a historiadora Joana Bouza Serrano dá-nos a conhecer os seus casamentos, que representavam verdadeiros trunfos nos jogos de poder político, os partos sucessivos para garantir a sucessão, a sua dedicação à cultura e às artes, as tradições e costumes da corte e os diferentes acontecimentos políticos que marcaram a dinastia de Avis.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

26 Outubro

.Regionalismos.

“Falares da Ilha” – Abel Marques Caldeira

Majonguinhas – Nome que se dá a qualquer indivíduo que se deixa enganar facilmente. Pobre diabo. Simplório. “Coitado, é um majonguinhas…”

Manono – Molenqueiro; molenga.

Mastrunça – Mulher mal apresentada, que não se sabe vestir.”És uma mastrunça, vai-te arranjar milhor.”
Boneca de trapos, mal amanhada. “Olha menina, a tua mastrunça que tá acolá no chão.”

Matraca – Instrumento que faz ruído para dar sinal para o coro, na sé Catedral na Quinta e sexta-feira Santa, em substituição da sineta.

Matracar, Matraquear. "Taes p´raí a matracar há mai duma hora. Nan faças barulhada.”

Mazarulho – Saliência demasiada no corpo; bola de trapos ou de papel.
Grumo de farinha mal desfeita.

Mê dito mê feito – Afirmação de que se realizou ou se deu. “Tava a ver qu´ia cair. Mê dito, mê feito. Veio tudo por ali a baixo.”



. Palavra do dia.


mácula s. f.

mácula (latim macula, mancha, nódoa, erro)(latim vulgar *macella, diminutivo de macula, mancha, nódoa)(latim vulgar *macella, diminutivo de macula, -ae, mancha, nódoa)
s. f.
1. Nódoa.
2. Fig. Mancha; impureza; labéu; infâmia.

macular v. tr.

1. Enodoar; sujar.
2. Fig. Deslustrar; infamar.

imaculado
adj.
Que não tem mácula; puro.



. “Assim ou assado ".

Qual a forma correcta:

perda de tempo ou perca de tempo?


As formas perda e perca são sinónimas, e encontram-se registadas como tal, por exemplo, no Vocabulário da Língua Portuguesa, de Rebelo Gonçalves (Coimbra Editora, 1966) e em dicionários como o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea (Academia das Ciências/Verbo, 2001) ou o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (Círculo de Leitores, 2002). A forma perca, por ter origem mais popular, deverá ser utilizada em contextos mais informais.

In Priberam

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

21 Outubro

.Regionalismos.

“Falares da Ilha” – Abel Marques Caldeira


“Lume nos convés” – Diz-se quando qualquer assunto toma carácter de gravidade. Desordem.
"Parece que há lume nos convés… Vou-me põe a andar…"

Macaqueira – Pequena doença. "Minha mãe ´tá c´a macaqueira…"

Má bico,(de), - Diz-se das pessoas que comem pouco, têm falta de apetite, especialmente quando se trata de miúdos . "Este piqueno é de má bico, nan come nada."

Madorna – Sonolência.
"Todo o dia tenho andado cuma madorna, parece que perdi a noite…"

Mainel – Muro que ladeia as levadas e as ribeiras.



. Palavra do dia.

Piurso (i-u)
adj.
1. Pop. Furioso, muito chateado, uma fera.
Ficar piurso: ficar pior que um urso, uma fera.




Sugestão Literária. Folhas….

Que Cavalos São Aqueles Que Fazem Sombra No Mar?


A acção decorre no Ribatejo, numa quinta onde se criam toiros.
A mãe está a morrer e cada um dos filhos fala e conta a sua história, que se cruza com a história dos outros.
Francisco, que odeia os irmãos e espera apropriar-se de tudo quando a mãe morrer; João, o preferido da mãe, pedófilo, que engata rapazinhos no Parque Eduardo VII; Beatriz, que engravidou e teve de casar cedo; Ana, a mais inteligente, drogada e frequentadora dos mais sinistros lugares onde se trafica droga.
Há ainda a figura do pai, que vai perdendo ao jogo a fortuna da família, na obsessão de que o número 17 lhe há-de trazer a sorte.
E finalmente Mercília, a criada que os criou a todos e que sabe todos os segredos.
Uma história cheia de personagens inesquecíveis, soberbamente criadas pelo estilo único de Lobo Antunes.




Assim ou assado?

Como devo dizer:

Ontem à noite trovoou ou
Ontem à noite trovejou?


Os verbos trovoar e trovejar são sinónimos e estão os dois correctos, embora trovoar seja considerada uma forma popular por alguns dicionários.

19 Outubro 2009



(Há, essencialmente, dois grandes tipos de regionalismos linguísticos: os originais, que não ocorrem noutras zonas, como “semilha”, “tapassol” (tapa-sol) ou “bus(z)ico” e os de sentido original, que ocorrem noutras zonas, mas não com o sentido que lhes é atribuído nesta região, como “prisão” (gancho de cabelo), “batata” (que se distingue de “semilha” porque identifica apenas a batata-doce), “pereira” (a árvore que dá pêra abacate), “horário” (o autocarro) ou “bilhardar” (falar da vida alheia).)


Helena Rebelo.




Chimeco - Diz-se que tem origem na palavra inglesa shoemaker (sapateiro), outrora inscrita numa sapataria da cidade do Funchal, cujo dono era de estatura relativamente pequena. Assim, na linguagem popular madeirense, por corrupção, ficou chimeco para caracterizar um homem de pequena estatura.


O relógio da Sé é que repete - Diz-se quando não estamos dispostos a repetir o que se disse.Nada no mundo Þ Coisa nenhuma.

Falares das ilhas, Abel Marques Caldeira.


. Palavra do dia.

picoto
(ô)
s. m.
1. Cume ou pico elevado e agudo de um monte.
2. Poste ou coluna cónica de pedra colocada como marco no cimo de um monte.
3. Pirâmide de triangulação.
4. Picote (pano).
picotar
v. tr.
1. Cortar com o picador.
2. Abrir uma série de furos, com uma máquina especial, em macetes, cheques, livros de notas, etc., que devem separar em duas partes esses impressos.

~ picaroto (ô)
s. m.
1. Cume; vértice; picoto.
2. O mesmo que picuense.
Parte inferior do formulário



. “Assim ou assado”.


Ratificar é............. confirmar ou emendar...???


Ratificar - (latim ratificare)v. tr.

1. Confirmar.2. Validar; autenticar.3. Comprovar.


Rectificar.
rectificar (èt) - (francês rectifier)v. tr.

1. Tornar recto!, alinhar.2. Fazer uma correcção!. = corrigir, emendar 3. Responder a uma asserção menos verdadeira para restabelecer a verdade dos factos.4. Quím. Purificar por destilação.5. Geom. Achar a grandeza linear de uma curva.

Grafia alterada pelo Acordo Ortográfico de 1990: retificar



. “Folhas…Deixe-as caídas à cabeceira.” - Sugestão de leitura:


“Um Amor em Tempos de Guerra”

Júlio Magalhães.


António nasceu marcado pelo nome. O mesmo que o vizinho da rua das traseiras, o homem que se fez doutor em Coimbra e que ia à terra sempre que podia, o tal que governava o país com pulso de ferro. Mas de pouco ou nada lhe valeu tão grande nome quando o destino o enviou para Angola, para defender a pátria em nome de uma guerra distante que não era a sua. Deixou para trás a sua terra, a mãe inconsolável e Amélia, a mulher que pedira em casamento, num banco de pedra, junto à igreja e que prometera fazer dele o homem mais feliz de Vimieiro. Promessa gravada num enxoval imaculado que ficou guardado no armário, à espera do fim daquela maldita guerra. Quando António regressou de Angola, era um homem diferente. Marcado no corpo por anos de guerra e de cativeiro e no coração por um amor impossível que deixara em pleno mato angolano. Regressava para cumprir a promessa que fizera anos antes à sua noiva Amélia, que o julgara morto, e que, em sua memória, tinha enterrado um caixão sem corpo.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

14 Outubro 2009




.Regionalismos.

“Falares da Ilha” – Abel Marques Caldeira


“Levar o Bernardo às compras”- Termo malicioso, extravagante, que se emprega quando se fala em assuntos sexuais.


“Luzir”- Indícios de maturação de frutos. Ai néspras já tão luzindo, tem muitas a luzir.


“Lubrina”- Chuva miudinha. Tá caindo uma lubrina p´a refrescar as coives.





. Palavra do dia.

Cavaca - Pedaço de lenha; lasca de madeira = ACHA, CAVACO.
Trouxe um molho de cavacas para junto da lareira.
Bolo seco ou biscoito. São deliciosas as cavacas das Caldas-da-Rainha.
Pessoa muito magra.


Cavaco – Pedaço de lenha; lasca de madeira = ACHA, CAVACA, ESTILHA.
Conversa amena e despreocupada entre duas PESSOAS CONHECIDAS.
“Estar ou ficar um cavaco” - Tornar-se excessivamente magro ou precocemente envelhecido.





. “Assim ou assado ".

Como se chama a planta arbustiva da família das labiadas(Rosmarinus officinalis), muito aromática, de flores geralmente azuis ou violáceas, folhas lineares, cultivada ou espontânea em quase todo o território nacional?

Alecrim
Alecrineiro
Alecrinzeiro


R: Todas estão correctas.



terça-feira, 13 de outubro de 2009

1º Programa Temporada 2


. “Folhas…Deixe-as caídas à cabeceira.” - Sugestão de leitura:


A Esfera dos Livros apresenta o seu primeiro livro infantil: "Deus e Eu Conversamos todos os dias."
Livro de orações para crianças de Joaquín M.ª Garcia de Dios.
Esta obra insere-se na colecção Infanto-Juvenil, e conta com o prefácio de Pe. Paulo Malícia, director do Departamento da Evangelização do Patriarcado de Lisboa.
Este livro mostra diferentes maneiras de conversar com Deus. Mas, o que é importante neste livro é fazer com que as crianças inventem as suas próprias orações.





Assim ou assado - Estará certo ou errado?


"Ela tinha acendido a luz." ou "Ela tinha aceso a luz"?


A forma correcta é: tinha acendido.

Acender é um verbo com 2 participios passados:
um regular-acendido- e outro irregular- aceso.
O particípio regular é utilizado nos tempos compostos com os verbos auxiliares ter e haver: Ela tinha acendido a luz.

O particípio irregular é usado com os verbos auxiliares ser e estar: A vela estava acesa.



. Palavra do dia.

Politólogo.

A palavra politólogo pode ser encontrada em vários dicionários de português, como o Dicionário Houaiss de Língua Portuguesa, com o significado “estudioso ou especialista em ciências políticas”, sendo sinónima de politicólogo e de politicologista.




Regionalismos / Expressões madeirenses – provérbios – estrangeirismos.

“Falares da Ilha” – Abel Marques Caldeira


Lembedoiro – Xarope para a tosse.

Ler a cartilha - Descompor. Mostrar que se conhece as confidências da pessoa com quem se indispõe.

Ler por cima – Ler desembaraçadamente.






quarta-feira, 3 de junho de 2009

Conta histórias com trava línguas.

Quando contas contos.


Quando contas contos
nunca contas que contas contos
nem que contos contas
contas contos
e que contos contas
a quem quer escutar
é da tua conta...
contam os contos que contas
contas com os contos
quando os contos contas
à conta de tanto conto contar
não contas com
que quando contas contos
contos contas e não te encontras.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Dia da Criança.

A criada lá de cima
É feita de papelão,
Quando vai fazer a cama
Diz assim para o patrão:
- Sete e sete são catorze,
com mais sete são vinte e um,
tenho sete namoradose
não gosto de nenhum.
-------------------------

Era uma vezum gato maltês.
Tocava piano
Falava francês.
Queres que te conte outra vez?
---------------------------------
Lá vai uma,
lá vão duas,
três pombinhas a voar.
Uma é minha
Outra é tua,
outra é de quem a apanhar.

-----------------------------

Nove vezes nove
oitenta e um,
sete macacos e tu és umf
ora eu que não sou nenhum!

------------------------------

O tempo pergunta ao tempo
Quanto tempo o tempo tem.
O tempo responde ao tempo
Que o tempo tem tanto tempo
Quanto tempo o tempo tem




Trava Línguas


Esta burra torta trota
Trota, trota, a burra torta.
Trinca a murta,
a murta brota
Brota a murta ao pé da porta.

-----------------------------------

Um ninho de mafagafas
Com sete mafagafinhos
Quando o mafagafa gafa
Gafam os setes mafagafinhos.
-----------------------------------

A história é uma sucessão sucessivados sucessos que se sucedem sucessivamente.

-----------------------------------

Percebeste?
Se não percebeste,
faz que percebeste
para que eu perceba
que tu percebeste.
Percebeste?

-----------------------------------

Tenho um colarinho
muito bem encolarinhado.
Foi o colarinhador
que me encolarinhou
este colarinho
Vê se és capazde encolarinhar
tão bem encolarinahdo
como o encolarinhador
que me encolarinhou
este colarinho.

------------------------------


Abecedário sem Juízo


A é a Ana, a cavalo numa cana.
B é o Beto, quer armar em esperto.
C é a Cristina, nada fora da piscina.
D é o Diogo, com chichi apaga o fogo.
E é a Eva, olha o rabo que ela leva.
F é o Francisco, come as conchas do marisco.
G é a Graça, ai mordeu-lhe uma carraça!
H é a Helena, é preta, diz que é morena.
I é o Ivo, põe na mosca um curativo.
J é o Jacinto, faz corridas com um pinto.
L é o Luís, tem macacos no nariz.
M é a Maria, come a sopa sempre fria.
N é o Napoleão, dorme dentro do colchão.
O é a Olga, todos os dias tem folga.
P é a Paula, entra de burro na aula.
Q é o Quintino, que na missa faz o pino.
R é o Raul, a beber a tinta azul.
S é a Sofia, engasgada com uma enguia.
T é a Teresa, come debaixo da mesa.
U é o Urbano, que caiu dentro do cano.
V é a Vera, com as unhas de pantera.
X é a Xana, caçando uma ratazana.
Z é o Zé, foi ao mar, perdeu o pé.


Luísa Ducla Soares, A Gata Tareca e Outros Poemas Levados da Breca, Teorema

quarta-feira, 20 de maio de 2009

A importância de uma vírgula.







Uma simples "vírgula" muda todo o contexto, muda a interpretação.

"SE O HOMEM SOUBESSE O VALOR QUE TEM A MULHER ANDARIA DE QUATRO À SUA PROCURA".

Agora veja:

Se a vírgula estiver depois de "mulher" lê-se :

Se o homem soubesse o valor que tem a mulher, andaria de quatro à sua procura.



Mas se a vírgula estiver depois de "tem" , terá de ler-se assim:

Se o homem soubesse o valor que tem, a mulher andaria de quatro à sua procura.


A vírgula pode ser uma pausa... ou não.
Não, espere.
Não espere.

Pode criar heróis.

Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.

E vilões.
Esse, juiz, é corrupto.
Esse juiz é corrupto.

A vírgula pode ser a solução.
Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.

A vírgula muda uma opinião.
Não queremos saber.
Não, queremos saber.

Petição contra o acordo ortográfico



De fato, este meu ato refere-se à não aceitação deste pato com vista a assassinar a Língua Portuguesa.Por isso ... por não aceitar este pato ... também não vou aceitar ir a esse almoço para comer um arroz de pato ... A esta ora está úmido lá fora ... por isso, de fato lá terei de vestir um fato ...

Forma tradicional da escrita, Português de Camões: Facto, Acto, Pacto, Hora, Húmido.


Aqui lhe deixo a petição se pretender conhece-la ou assina-la:





segunda-feira, 27 de abril de 2009

Acordo Ortográfico atrasado.

In Jornal da Madeira :

Portugal ainda não aplicou o acordo que nos vai pôr todos a escrever a mesma língua
Acordo ortográfico atrasado
O ministro da Cultura, José António Pinto Ribeiro, disse ontem que o Acordo Ortográfico entrará em vigor "seguramente este ano".
O governante falava em Belmonte na inauguração do centro interpretativo e museu "À Descoberta do Novo Mundo", centrado no Brasil e na viagem de descobrimento de Pedro Álvares Cabral, navegador natural daquela vila.
Perante uma comitiva brasileira, José António Pinto Ribeiro considerou que "a língua foi o que de mais extraordinário deixaram os navegadores".
A língua, afirmou, "é mais forte que o sangue".
Questionado pela Agência Lusa sobre quando entrará em vigor o Acordo Ortográfico, o ministro referiu que será "seguramente este ano", sem contudo apontar uma data concreto.
"Estamos a identificar todas as tarefas, dado que, uma vez em vigor, haverá um prazo de aplicação e adaptação de vários anos para que tudo aquilo seja assimilado por todos nós", explicou José António Pinto Ribeiro.
"Estamos a fazer um programa para tudo o que há a fazer até lá, ao nível do ensino, dos meios de comunicação social, dos livros, para que tudo seja feito sem rupturas, com grande tranquilidade e com grande liberdade e integração de toda a gente", referiu.
O linguista e académico João Malaca Casteleiro, que participou na elaboração do Acordo, considerou na última quinta-feira que Portugal "está atrasado na sua aplicação" e que a "bola está do lado do Governo".
As indecisões de Portugal"O Brasil com 200 milhões de falantes" - argumentou - "já decidiu e Portugal, que é o berço da língua, não decide.
Esta situação a nível internacional é muito mal recebida.
Quando Portugal se decidir, os outros países também entrarão nesta onda de adoptar a nova ortografia", referiu.
Em Portugal, o segundo protocolo do Acordo Ortográfico, cuja ratificação era essencial para a sua entrada em vigor, foi aprovado no Parlamento em Maio e promulgado pelo Presidente da República em Julho.
Para vigorar, o acordo tem de estar ratificado por um mínimo de três dos oito países, o que foi alcançado em 2006 com São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Brasil, seguidos de Portugal.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Adivinhas II

O que faz um pato com uma pata à beira do charco?
R: Cocheia.

Em 100 homens e 100 mulheres quantas meninas?
R: 400 meninas.

Qual a fruta que se escreve de trás para frente e da frente para trás?
R: Anona

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Adivinhas.

Os textos apresentados são resultantes de uma recolha feitas pelas alunas Sandra Jardim, natural da freguesia da Boaventura e Sandra Natália, natural da freguesia do Seixal, do 10º ano lectivo 2003/2004.
Estes trabalhos surgem na sequência de uma actuação feita nesta escola pelo grupo musical Xarabanda que, no âmbito da Literatura Oral e Tradicional, aceitou o convite do grupo de professores de Português, no sentido de ajudar a sensibilizar os alunos para a riqueza e importância do património popular e tradicional presente não só na literatura como também na música. O momento vivido ficou, creio, gravado para sempre na memória e no ouvido de todos aqueles que o presenciaram.


Adivinhas.

Lucinda Jardim -76 anos.
Junqueira, Porto Moniz.


Sou pequenina e redondinha
sem ser ovo de galinha
Tenho camisa e casaco
sem remendo nem buraco
Nasci de uma riçada
O meu nome é uma pancada
Dou um estoiro como um foguete
se alguém me mete no lume quente
Arrebento constantemente
na boca de um imprudente

R: A castanha.



Águas claras
Fontes amarelas
Casas caiadas
Ninguém mora nelas.

R: O ovo.


Verde foi o meu nascimento
E de luto me vesti
para dar luz ao mundo
Mil tormentos padeci.

R: A azeitona.


Irmãzinhas, loiras ou morenas
Verdejante, verdejante
Aconchegadas em conjunto de sua mãe
hão de chorar lágrimas
Que o mundo há de rir e apreciar.

R: As uvas.



In Xarabanda revista 15.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Expressões no falar madeirense



Cachorro macho só é capado uma vez-O mesmo que dizer que só foi enganado uma vez. "Isso nunca mais acontece, hôme.Cachorro macho só é capado uma vez!"




Chorar na barriga da mãe- Diz-se do indivíduo favorecido pela sorte."Ele chorou na barriga da mãe, a casa da tia foi pra ele".




Casca fora, inhame dentro- Continuadamente, comer com apetite."Isto cá é assim... casca fora inhame dentro!"




Comer pão com côdea- Expresão usada em diversos casos, quando se quer dizer que não se acredita em certas coisas que nos dizem."É eescusado vires cá com essas tretas quéu já como pão com côdea!"




Comer pela ponta da corda- Ser bastante sovado-"Vai comer p´la ponta da corda p´a outro dia nan fazer aquilo!"




Contas feitas barco lavado- Forma de se dizer que se vai pagar imediatamente.
"- Dá tempo a receber o dinheiro.
- Nan senhor, tome lá. Contas feitas barco lavado."


"Quem se mete com meninos amanhece mijado/molhado"- Aforismo que indica mau sucesso.-"Já tava a ver qu´ia dar nisso; quem se mete com meninos amanhece mijado."

"A quem Deus não dá filhos, dá o diabo de sobrinhos." Utiliza-se quando uma pessoa que não tem filhos, tem sobrinhos traquinas.



"Bogas p´ra um lado, chicharros p´ra outro". - O mesmo que "separar o trigo do joio".


"Fazer um caldinho". - Aparar o cabelo ou a barba.
"Boa noite ti Pedro". - Diz-se das coisas que seforam e não voltam. O mesmo que "lá se foi".
Os bens foram-se p´auga abaixo e agora boa noite ti Pedro.
"Boa p´ra pregar no Pilar de Banger"- Diz-se quando se verifica que disseram uma mentira.- "Anda, vai pregar essa no Pilar de Banger."
"Ter pêlo/cabelo na venta". Diz-se daquele/a que tem mau génio, da pessoa exasperada, irreflectida, qu se indispõpe por qualquer coisa.
"Deixa-te de luzes que o azeite tá caro". - O mesmo que dizer: Não penses nissso. Deixa-te de histórias.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Ter pano para mangas e fazer correr muita tinta.

«Não ter pano para mangas» significa não ter por onde se alargar, não dispor de recursos suficientes para o que quer fazer...


Literalmente falando, não ter pano para mangas significa não ter tecido suficiente para fazer as mangas da peça de vestuário.



Ora, a manga, embora seja uma parte importante da referida peça, pode não existir, ou seja, a sua ausência não inviabiliza por completo a peça de vestuário: pode haver uma blusa sem mangas, um vestido sem mangas, uma camisola sem mangas ou, mesmo, em extremo, um casaco sem mangas.


Assim, quando alguém diz que não tem pano para mangas, pretende, em sentido figurado, dizer que não pode ir muito longe, não dispõe de muitos recursos, está limitado, ou, mesmo, que está atarefado, não podendo prestar atenção a tudo ou a todos que a solicitem.



Daí surgiu a expressão «ter pano para mangas», que significa ter muitos recursos, ter muitas potencialidades, ter muitos aspectos, ser extenso.


Por exemplo, com a afirmação «esse assunto tem pano para mangas», pretende dizer-se que esse assunto vai dar muito que falar, tem muitos aspectos que vão permitir que se discuta longamente sobre ele.

Com o mesmo sentido, existe «dar pano para mangas».



Se um tema dá pano para mangas, tal significa que vai permitir muita discussão, muitos comentários.


«Dar mangas» é uma expressão menos utilizada: significa fornecer meio ou ocasião para fazer alguma coisa.






Finalmente, a expressão «fazer correr muita tinta» faz lembrar a escrita com caneta de tinta permanente, em que a tinta desce pelo aparo e corre para o papel.



«Fazer correr muita tinta» significa, portanto, dar origem a que muito se escreva sobre o assunto.

Assim, em determinados contextos, a expressão «ter pano para mangas» tem um significado próximo de «fazer correr muita tinta».





In Ciberdúvidas.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Correr as capelinhas.

No programa de hoje perguntamos o que significam as seguintes expressões :

"Correr as capelinhas"

"Chorar na barriga da mãe"

"Cachorro macho só é capado uma vez."

Vamos, também começar com uma série de alcunhas.

Francisco Martins Ramos. catedrático na Universidade de Évora, reuniu 35 mil alcunhas no livro o "Tratado das Alcunhas Alentejanas" e concluiu que a maioria dos alcunhados são homens (88,8%) e apenas um terço (35,9%) aceita as alcunhas já que, regra geral, são depreciativas.

A maioria (32%) das alcunhas são do tipo comportamental, criticam atitudes e modos de estar.

O segundo maior grupo (15%) é o das alcunhas sobre características físicas.

Aqui na Madeira, todas as freguesias e quase todos os madeirenses têm alcunhas. Muitas vão passando de pais para filhos e desfilando pela familia que vai crescendo.Umas são mais generalistas, como o sítio onde se nasceu, outras prendem-se com as tais atitudes comportamentais ou familiares.

Os pescadores de Câmara deLobos são conhecidos pelos Xavelhas, nome do barco que utilizam na pesca ou por Charnotas, nome que davam aos chernes pequenos que pescavam.

Já em anterior programa falámos dos


Borreiros, do Caniçal;
Bragados, de Santana; e os
Broquilhos do Porto da Cruz.

Brevemente iremos compilar e dedicar uma hora de emissão às alcunhas dos habitantes das Madeira.Hoje, a nossa conversa é mais "pessoal". Falaremos de algumas alcunhas em pessoas bem conhecidas no meio social.

Nos Açores também não faltam alcunhas.

O açoriano mais famoso da actualidade, o futebolista Pauleta, é conhecido precisamente pela alcunha que herdou do pai. Pauleta chama-se na realidade Pedro Miguel César Resendes, nascido a 20 de Abril de 1973 em Ponta Delgada.

Até o antigo presidente dos Estados Unidos tinha, desde a universidade, a sua alcunha.

George W. Bush era conhecido pelos seus colegas por "Soufflé" por ser fofo e vazio na parte de cima...

Mário Soares ainda é recordado pela sua alcunha deBochecas.

O ex-presidente da República é um exemplo da popularidade das alcunhas em Portugal. E os mais antigos lembram-se, com certeza, da alcunha do Marechal Costa Gomes que ficou conhecido por Rolha, dada a capacidade em manter-se à superfície da vaga política no agitado período pós-25 de Abril.

Por cá e, nos nossos tempos de escola, quase todos os professores tinham uma Sra. Alcunha.

Quem não se lembra do Dr. César Figueira César, professor de inglés no Liceu, durante décadas?

A sua alcunha surge quando o navio da companhia colonial de navegação aporta no Funchal adornado para bombordo, e como o Dr. César tinha uma inclinação no pescoço para o lado do adorno do navio, assim ficou a sua alcunha - O Guiné.

O Dr. Álvaro Francisco de Sousa, era director da escola Industrial e Comercial do funchal e tinha a alcunha Pança de Gato devido à pretuberância do seu abdómen.

Enfim, para que façamos um programa culturalmente divertido, proponho-vos que nos ajudem dizendo-nos as alcunhas que se recordam, independentemento do seu grau de excêntricidade...

Ficam aqui também mais uma palavrinhas que encontramos no Fallares da Ilha, de Abel Marques Caldeira e no Vocabulário Madeirense, do Padre fernando Augusto da Silva livro gentilmente cedido por um ouvinte do Telefonias da Antena 1 Madeira .

Cabaça-Cucurbitácea(espécie de abóbora ou moganga) usada na alimentação e cuja casca, depois de seca, serve para guardar líquidos, especialmente azeite ou bebidas alcoólicas.Cabaça de pequeno porte que serve nas romarias para levar bebidas alcoólicas.




Cabaço-Virgindade.Objecto velho ou estragado pelo uso.



Cabrestar-vida airada de raparigas levianas



Cabrinhas- fetos com que ornamentam os presépios ou lapinhas.



Caçamu ou Caçamudo- Manhoso, reservado.Desleal.Pensativo.pouco falador.

Forte caçamu qu´é aquele gajo, nan dá uma fala a ninguém!



Cação-Nome pejorativo.Mulher de má nota.



Caçapo-Braguilha, bolso.



Cacarinho-Pequeno vasode louça ou de barro.



Cachaça-aguardente de recente frabrico ou de má qualidade.



Cachaço-Pescoço, animal reprodutor.



Cácos-Móveis modestos; estilhaços de de loiça ou de vidros.Fizeram uma acçaõ de despejo a Francisco, puzeram-lhe os cacos na rua... Falares da Ilha

Cácos- Fragmentos de louça partida Cousas inúteis ou pouco aproveitáveis. VOCABULÁRIO MADEIRENSE



Caçoar-Troçar



Cagaço-Susto



Cagagésimo-Cousa pequena e sem valor.



Caldeira-Vasilha de folha em que é cozido o peixe.



Calear-Dar cal nas paredes.Emboçar.



Calejado-Muito práctico e perito no serviço.



Calena -Vaga avolumada do mar em tempo bonançoso.



Calisto- Massador, importuno



Cambada-gente ordinária.Porção de pequenos peixes presos por um vime.



Cambita-que coxeia



Camilha-Catre de madeira do século XIX, composto por quatro pés altos, em forma de coluna, presos por varões de madeira ou ferro, dos quais pendem cortinados.



Candieiro-Rapaz que na dianteira dos bóis os guia no transporte de carros e corças.



Canelo- "lenha de ...2- Acha de lenha roliça.



Cangalha- Espécie de tabuleiro para conduzir os caixões com os defuntos.



Cangalheiro-Condutor de cangalha.



Cangalho-Pessoa alta.Objecto desproporcionado.



Campainha- Amígdalas



Cangueira-Cãibra

segunda-feira, 16 de março de 2009

Bebeu água de tremoços, vai ter um buzico...




Babuja ou babujinha-Superfície, à superfície da água.


Banano, bananeira,banzaburro-Muito grande.


Báia-Descompustura; repreeensão.


Balaio-cesto de vimes ou junco, em forma de peneira, onde os campónios deitam batatas cozidas.Pode ser também um cesto com asas.


Baldear- Voltar de cabeça para baixo.


Bamblú-Desordem, pancadaria.


Bandeja-"Naperon", toalha redonda ou oval, bordada.


Basculha-Rapariga pequena que quer dar opiniões.


Beter com o cú no cedeiro-Arrepender-se, chegar-se para a razão- Eu nan disse que ele ia bater c´o cú no cedeiro?-Já bateu...


Bater c´os tacões no cú- Fugir a correr.


Batoque-Rolha de garrafa, de garafão etc. Homem pequeno.


Bêbra-Relógio que não regula bem.Este relógio tá dando bêbras.Indivíduo indolente-ès um bêbra, nan fazes nada...É também designação de membro viril.


Beiça-Ponta de cigarro.


Bicharada-grupo numerosop de pessoas- Bendito, c´a bicharada que vem acolá-lem.


Bichinha-pénis de criança.


Bichinhas-Brincos de oiro, que os padrinhos dão aos afilhados no dia do baptizado.


Bicho-cancro ou tumor.


Bicho de pêcego-Diz-se de um indivíduo que não socega, está irrequieto-És um bicho de pêcego, socega p´r´aí.


Bico doce- Desejo de conseguir qualquer coisa, realizar ou comer.


Bicuda-Bebedeira-O Mest´A´gusto vai ali c´a bicuda. Há cinco dias qu´anda na ventania.


Bicueites-Estrang. O mesmo que bico calado.


Biguane-Estrang. que significa grande, do inglês big one.


Bilhardar-Ver, conversar, falar muito sobre a vida dos outros.


Bisalho-Pintainho, vagina de criança.


Boa bisca-Diz-se do indivíduo de má nota, de maus instintos.


Boa noite Ti Pedro- Diz-se das coisas que se foram e não voltam. O mesmo que lá sefoi.Os bens foram-se p´água abaixo e agora boa noite Ti Pedro...


Boa p´a pregar no Plar de Bânger-Diz-se quando se verifica que disseram uma mentira-Anda, vai pregar essa no Pilar de Bânger!


Boceta- Caixa para rapé ou tabaco de cheirar; vagina.


Bocêtas-Narinas-Vem arreganhando ai bocetas, anda... só sabes é fazer pouco...


Bocêtas-Carrancas.


Bóde-Piolho. Trato raivoso dado a um indivíduo do sexo masculino.


Bodeão-Quando alguém esta com sono, agitando a cabeça-Está pescando bodiões...


Boieiro ou boeiro-Condutor de bois, das zorras ou carros de bois.


Bolos e sol- Diz-se quando o indivíduo se recusa a fazer qualaquer serviço- Cust-te fazer isto, não é? è mesmo sei que só queres é bolos e sol.


Bonito duma vez-Expressão para demonstrar que é muito bonito. -Menina, o seu rapaz é bonito duma vez.


Borage-Beberagem. Á gua de lavagem dos pratos ou panela adicionando-lhe cascas de frutas e de legumes com que se alimentam os porcos.


Borliú- Grátis. O Alfredo entro pá bola à borliú.Borreiro-Alcunha dos habitantes do Caniçal.


Borracheiro- Homem que na ilha da Madeira transporta mosto ou vinho em borrachos.


Borracho-Recipiente constituido pela pele inteira de cabra, utilizado na ilha da Madeira para transportar mosto ou vinho.


Borreiro-Alcunha dos habitantes do Caniçal.


Boseira- Excremento; indivíduo sem acção para trabalhar.


Bossa-Capataz.


Bota-chã-Bota regional de atanado com sola corrida, muito usada pelos campónios.


Brabêsa ou bravêsa- Ferocidade, soberbia.


Braça- Medida de 10 palmos de nove polegadas, usada na Madeira, em medição de pedra.


Bragas-Olhos.-Já ´taes a deitar ai bragas p´áqui.


Bragado- Alcunha dos habitantes de Santana.


Brindeiro-Pequeno pão com que se brinda as crianças quando se amassa, sendo este costume mais usado no Natal.


Brónica- Feição de qualquer pessoa.Deve ser sucessão de Verónica. Rosto-Olha p´á bronica dele. Parece que já tem a morte adiante de si...


Broquilho ou borquilho O mesmo que bruzel-Nan te faças broquilho.Faz- t´um hôme sabedor.Diz-se também no género feminino.


Broquilhos- Alcunha dos habitantes da freguesia do Porto da Cruz.


Bruzel ou Bruzelo- Estúpido, indivíduo de maneiras grosseiras, brutamontes.


Bufar-Dar ventos, falar de farto.


Bulha-Desordem.


Bulir- Ver , mexer. Nan bulas nisso!


Buxo encostado ou buxo voltado-Entorse na barriga provocado por queda, o que é vulgar em crianças e adultos.


Buzico-Curto, pequeno.Nome que dão às crinaçs em várias freguesias.


"Burro dado nan se olha pá ui dentes" é uma expressão muito utilizada ainda hoje, e já agora alguém sabe o que é que os tremoços têm a ver com a gravidez?


Beber água de tremoços- Ficar grávida.


quarta-feira, 11 de março de 2009

Vocábulos a dar c´um pau... "A"




A dar cúm pau-referindo-se a muita quantidade.-Este ano há nesperas a dar c´um pau.

Agachado-Aquele que é tolerante- O gajo foi toda a vida um agachado.

Agulheta-gancho para o cabelo.

Alma negra-Inimigo causador da infelicidade.-Oh raio, su´alma negra. Por causa de ti á qu´ando à imola.
Alma negra-Ave que habita na Madeira.

Altear o papagaio-Aumentar o prço dos artigos.Falar alto.

Amargar cuma pila-Amargar muito.Intragável. (Minha mãe diz quando está muito salgado...)

Amolar- Empatar, levar tempo a resolver um assunto.

Amparado- Diz-se com referência ao mau tempo.- Aqui tá mais amparado, nan chove nem fai´vento.

Andar ái cristas-Andar a brigar ou a discordar disto ou daquilo.-O José ´tava a resondar o cunhado na venda. Nan sabes quéles andam ái cristas p´o causa dui bens.

Andar de beiça- O mesmo que andar torcido.- O Ernesto anda de beiça comigo, nam sei por quê...

Andar-se comendo- Andar com ciúmes; sentir-se despeitado; andar com inveja.- O gajo anda se comendo...

Angra-Fome.-Já ´tou com angra, ´inda nan comi hoje...

Ao mê´pé- Ao pé de mim. O menino tem que ´tar aqui ao mê pé. Daqui nan se caminha.

Arcada-Corrupção de arrecada.V. bichinchas.

Arreganhar ai bocetas-Rir com ares de troça.O mesmo que arreganhar a prégáge.

Aa camacheiras´tão abanando ai saias-Diz-se quando o vento é de nordeste. C´o vento frio! As camacheiras ´tão abanando ai saias...

Assantar- Escrever. Sentar.S entar-se. Tá p´assentar no ról.-Nanposso assantar o mê nome qué nan sei escrever.-Assanta-te acolá naquele banco.

Assoprado-Furioso, muito exaltado.

Assobio, (de)- Óptimo. -Ih, que porreiro! Isto é d´assobio!

Atafulhar-Esconder

Atazanar- Insistir-Andas a toda a hora a m´atazanar, milher!

Atentareu- Aquele que tenta a paciência de alguém, que insiste até conseguir-És um atentareu, rapaz!

Atilho-Cordel.

Atochado-Que está cheio, que não leva mais-O cesto tá bem atochado.Diz-se também no feminino.

Atremar-Ver, compreender.

Atupir-Enterrar. Atupido-Enterrado.

Avó-Menstruação.

Az de copas-Anus.

segunda-feira, 9 de março de 2009

"Ficar a ver navios".


A Lenda de Pedro Sem.



A torre medieval que se encontra diante do antigo Palácio de Cristal, no Porto, é ainda hoje conhecida por Torre de Pedro Sem.

A história diz que essa torre pertencia a Pêro do Sem, doutor de leis, jurisconsulto e chanceler-mor de D. Afonso VI, no século XIV. Mas a lenda remete para uma data posterior, no século XVI, a existência de um personagem Pedro Sem que vivia no seu Palácio da Torre.

Possuindo muitas naus na Índia, Pedro Sem era um mercador rico mas não tinha títulos de nobreza, o que muito o afectava.

Era também usurário, emprestando dinheiro a juros elevados, à custa da desgraça alheia, enquanto vivia rodeado de luxo.

Estavam as suas naus a chegar, carregadas de especiarias e outros bens preciosos, quando a sua máxima ambição foi realizada através do seu casamento com uma jovem da nobreza, em troca do perdão das dívidas de seu pai.

Decorria a festa de casamento, que durou quinze dias consecutivos, quando as naus de Pedro Sem se aproximaram da barra do Douro.

O arrogante mercador acompanhado pelos seus convidados subiu à torre do seu palácio e, confiante do seu poder, desafiou Deus, dizendo que nem o Criador o poderia fazer pobre.

Nesse momento, o céu que estava azul deu lugar a uma grande tempestade!

Pedro Sem assistiu, impotente e encharcado pela chuva, ao naufrágio das suas naus.

De seguida, a torre foi atingida por um raio que fez deflagrar um incêndio que destruiu todos os seus bens.

Arruinado, Pedro Sem passou a pedir esmola nas ruas, lamentando-se a quem passava: "Dê uma esmolinha a Pedro Sem, que teve tudo e agora não tem...".



In "Lendas de Portugal".



Daqui, a expressão "ficar a ver navios", que pode também ser atribuida ao Sebastianismo, numa altura em que os espanhóis ficavam ansiosamente à espera da Nau com D. Sebastião - O Desejado, e o monarca não chegava...



Ficar a ver navios , é portanto, o mesmo que sofrer uma desilusão. Não obter o que se quer.

Quem diria? Dizemos nós

Quem diria? Dizemos nós,... cada um e em variadas circunstâncias, de improviso e no fluxo da conversa. Ora, a verdade é que as expressões idiomáticas – que é como quem diz “conjuntos de palavras que se juntam e se conservam ‘agregadas’ com um significado específico – têm uma primeira origem, nem sempre clara e muitas vezes surpreendentes. Hoje vamos conversar precisamente sobre estas ‘frases feitas’ e do modo como elas foram sendo ‘cozinhadas. Umas vêm de muito longe, outras serão mais recentes, mas cada uma tem uma história engraçada que merece ser contada. Vamos hoje levantar o véu sobre algumas destas curiosidades....

Quem nunca se sente a “Andar à toa”?
Ora, “Toa” é a corda com que uma embarcação reboca a outra. Um navio que anda "à toa" é um barco que não tem leme nem rumo, e que vai para onde o navio que o reboca determinar.
Então, andar à toa significa vagar sem destino nem objectivo, desorientado.

E a “Andar ao Deus dará”?
Este é uma daquelas expressões que parece simples mas tem uma história engraçada...
Esta famosa frase era originalmente a resposta de quem não queria dar esmolas.
Os homens avarentos respondiam aos mendigos que lhes estendiam a mão a pedir uma esmola: “Deus dará”. Assim, quem dependia da caridade pública ficava em má situação, andava ao Deus dará.

Nos dias de hoje acontece muitas vezes alguma coisa “Custar os olhos da cara
A história desta expressão é muito antiga e começa com um costume bárbaro (e um pouco cruel, convenhamos...) que consistia em arrancar os olhos de governantes depostos, de prisioneiros de guerra e de indivíduos que, pela influência que detinham, ameaçavam a estabilidade dos novos ocupantes do poder. Cegos, eles seriam inofensivos ou menos perigosos. Quer isto dizer que um comportamento ou uma conduta que não agradasse aos bárbaros tinhas as suas consequências, porque custava aos prevaricadores os olhos da cara.
Depois deste primeiro sentido mais antigo – guerreiro e bélico – , é natural que, porque a visão é um dos sentidos mais valiosos e importantes para o ser humano, então, a expressão “custar os olhos da cara” tenha passado a ser sinónimo de custo excessivo, exagerado, de algum artigo muito caro, que ninguém pode pagar.

E dará, realmente, sorte “Entrar com o pé direito”?
Esta expressão teve a sua origem no Império Romano, onde havia uma antiga superstição que, entretanto, se espalhou pelo mundo inteiro. Nas festas realizadas na antiga Roma, os convidados eram avisados de que se deveria entrar nos salões dextro pede - com o pé direito - para evitar o azar. E, assim, ainda hoje, para desejarmos sorte a alguém dizemos “entra com o pé direito”...

Mas e por que é que não conseguimos “Não entender patavina”?
Esta expressão significa declarar ignorância total sobre determinado assunto. Alguns estudiosos dão como explicação o facto de os portugueses – no tempo das Descobertas – terem dificuldade em entender os mercadores e os frades franciscanos patavinos, isto é, os comerciantes ou os religiosos originários da cidade de Pádua (que em italiano se diz Padova, uma palavra que, por sua vez veio do latim, Patavium).

Nenhum de nós gosta de “Ser o bode expiatório”...
Ora aqui está uma expressão de uma outra tradição, a judaica. Dizê-la significa que alguém recebe a culpa de algo cometido por outra pessoa. O uso desta frase apareceu porque o povo judeu tinha o rito de, simbolicamente, depositar todos os seus pecados num bode, que era levado para o deserto e aí abandonado, para que cada um dos pecadores se pudesse libertar da culpa e de todos os erros cometidos. Hoje em dia diz-se que alguém é o bode expiatório porque todas as culpas – mesmo as que não tem – recaem sobre ele...

Mas já nos aconteceu a todos “Cometer um erro crasso”...
Ora, voltemos ao tempo dos Imperadores... Na Roma antiga o poder dos generais era exercido por três pessoas, o chamado Triunvirato. O primeiro destes Triunviratos era constituído por Caio Júlio, Pompeu e Crasso. Este último foi incumbido de atacar um pequeno povo chamado Partos, da antiga Pérsia. Confiante na vitória, resolveu prescindir de todos os conhecimentos de guerra, de todas as formações e técnicas romanas e simplesmente atacar, escolhendo um caminho estreito e de pouca visibilidade. O povo dos partos, em menor número, mas organizados, venceram facilmente os romanos e Crasso foi derrotado.
Desde então – e espantosamente até aos dias de hoje –, sempre que alguém, tendo tudo para acertar, comete um erro estúpido, diz-se que cometeu um "erro crasso”.

Por estas e por outras é que às vezes apetece “Dourar a pílula”...
A verdade é que, antigamente, como é natural, os comprimidos não eram vendidos em embalagens de cartão... Assim, há muitos anos, as farmácias embrulhavam as pílulas em papel dourado, para melhorar o aspecto dos remédios (vendidos avulso) supostamente amargos e difíceis de tomar. Por isso, a expressão significa melhorar a aparência de algo ou tornar uma realidade menos dolorosa.

Todos temos o nosso “Calcanhar de Aquiles”...
Na mitologia grega, Tétis, mãe de Aquiles, tentou tornar o filho invencível mergulhando-o no rio Estige. No entanto, ao mergulhar o filho no rio, segurou-o por um dos calcanhares, deixando esta parte do seu corpo vulnerável (por não ter sido imersa na água).
Durante o cerco de Tróia, Aquiles é traído por Apolo, que revela a Páris, filho do rei de Tróia, o segredo da vulnerabilidade de Aquiles e este atinge-o no calcanhar com uma seta envenenada.
Desde os gregos até hoje esta expressão passou a designar o ponto fraco de uma pessoa... é o seu calcanhar de Aquiles.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Palavras d´aquintrodia - Ana Cristina Figueiredo

No programa de hoje:
Mestrado em
Ensino da Língua e da Literatura Portuguesas
Ana Cristina Alves Martins de Figueiredo.
Palavras d´aquintrodia:
contribuição para o estudo dos regionalismos madeirenses.
2º volume
(anexo)
Dissertação na área da Dialectologia Portuguesa
sob orientação do Professor Doutor
João Malaca Casteleiro.
Funchal
Outubro de 2004



http://gangdoserrado.no.sapo.pt/Falares.htm

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Em bom madeirense.2

Linguajar perfeito, perfeito...
Linguajar este, que me foi enviado por uma amiga, perguntando-me se entendia a mensagem ou precisava de explicação.
Aqui para vós, assim se fala na terra onde ela nasceu e da qual muito se orgulha:

"Tava o vendeiro no paleio com o vadio do vilão quando ouviu uma zoada. Era a água de giro.
O buzico do levadeiro que vinha mercar palhetes à venda, vinha às carreiras e a fazer patifarias e a chungalhar os badalos da vizinhança pelo caminhe abaixe como um demoine.
Dá-lhe uma cangueira, trompicou nas passadas e empuxou o vilhão qué um cangalhe dum home. Bate cas ventas no lanço e esmegalha a pucra.
O vilhão dá-lhe uma reina vai a cima dele para lhe dar uma relampada, patinha uma poia. Ficou todo sovento.
O vendeiro dá-lhe uma rezonda por ele querer malhar num bizalho dum piquene.
Vem o levadeiro, e, ao ver o vassola, que anda à gosma e a encher o pandulho à custa dos outros, a ferrar com o filho, fica variado do miolo e diz-lhe umas.
O vilão atazanado, atremou mal e pensou que ele lhe tinha chamado de chibarro, ficou alcançado, deu-lhe uma rabanada e foi embora Todo esfrancelhado.
O levadeiro ficou mais que azoigado mas lá foi desantupir a levada.
O piquene chegou a casa todo sentido, com um mamulhe.
A mãe que é uma rabugenta mas abica-se por ele, ao ver ele todo imantado e a tremelicar das canetas, deu-lhe um chá que era uma água mijoca, pensando que canalha é mesmo assim, mas, como ele não arribava, antes continuava olheirento, entujado e da chorrica foi curar do bicho virado e do olhado roxo.
O busico arribou e até já anda a saltar poios de bananeiras na Fajã."

Texto que me foi gentilmente enviado pelo Marco Pestana e dito na Antena 1 Madeira pelo Pablo Camacho.
Muito obrigada a ambos.

De facto, não posso "cramar", tenho bons ouvintes a colaborar...

Xana.

Em bom madeirense.

Breve Dicionário Madeirense

Abicar-se - Atirar-se.
Á cão - Diz-se quando se apanha um susto.
Á pata - Ir a pé.
Ah mãe! - Expressão de surpresa.
Arrenca - mandar embora.
Atremar - Ver, compreender.
Ave rara - menosprezar uma pessoa.
Bábeda - Pequena erupção da pele;
Batatas - Punhadas.
Bicho de pêssego - Diz-se de quem é irriquieto.
Bicho do buraco - Diz-se de quem é acanhado.
Bilhardeiro - Alguém que não consegue guardar segredo
Boseira - Indivíduo sem vontade para trabalhar; bosta.
Buzico - Nome que dão ás crianças.
Cachimónia - Cérebro.
Cagança - Vaidade
Carrolaço - Tapona no pescoço.
Carroulo - Parte de trás do pescoço.
Cá te viste - Afirmação negativa." Para receber ele é menino, mas para dar cá te viste"
Chibarro - alguém que não consegue guardar segredo.
Chorrica - Diarreia.
Corno manso - homem submisso à mulher.
Cubano - Habitante de Portugal continental.
Dar água a pintos - Que não dá nada; pessoa muito forreta.
Dar no porco - Ter insucesso.
Dentinho - Petisco para tomar bebidas.
Em cima dos cornos - Em cima da cabeça.
Estepilha - Define admiração.
Fazer focinho - Mostrar que não lhe apetece.
Feio com uma noite dos trovões - Pessoa muito feia.
Fazer o catatau - Molestar; fazer sofrer.
Gadelha - Cabelo da cabeça.
Gosma - Pessoa que tem por hábito obter coisas por favor.
Grêlo no ar - Diz-se de mulher que manifeste desejo de ter relações amorosas.
Joeira - Papagaio de papel.
Já fui e já vim - Fui lá e já voltei.
Lagaceira - Água espalhada pelo chão.
Lanço - Caudal secundário das levadas.
Mau como as cobras - Pessoa muito má.
Nem todos os dias é dia de festa - O mesmo que: "Nem sempre se faz isso".
Não fosses - Não mexas.
Não andamos na escola juntos - Repreensão que se faz a alguém que não se conhece e nos trata por tu.
O que vier morre - O mesmo que: " O que me derem serve".
Paciência de corno - Diz-se quando se tem paciência para aturar alguém que nos chateia constantemente.
Padaria - rabo em tom de gozo.
Pancume - Pancadaria.
Rabichól - rabo.
Reina - Zanga.
Renheta - Indivíduo de nunca está satisfeito.
Roeza - Fome.
Tempo do rei quinze - Tempo antigo.
Tosse de cachorro - Tosse rouca.
Trambolhar - Cair.
Vaca - Mulher corpulenta.
Ver um mosquito nas desertas - Diz-se de pessoa que tem boa vista. (desertas:são ilhas que se vêem da madeira)
Xou - Termo usado para enxotar.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

A bilhardar a 'gente' se atrema...

"Cada cabeça sua sentença", diz o ditado e é bem verdade...
Se é "claro como água" que a falar é que nos entendemos, também é evidente que em cada canto ou ilha do nosso país há diferenças no modo como falamos (seja na pronúncia, seja no significado que damos às palavras, seja no contexto em que as usamos).
Muitas vezes não "atremamos" o que nos dizem...
Ora, para nos entendermos, hoje vamos conversar sobre algumas palavras usadas na Madeira e tentar descobrir de onde é que elas apareceram e como chegaram até nós...
Podemos começar, por exemplo, pela tão conhecida "bilhardice"...
Num percurso mais ou menos rápido por vários dicionários da nossa língua (sim, porque o "madeirense" é uma variedade do Português de todos...), podemos aprender que "bilhardar" é jogar bilhar ou à "bilharda", tocando duas vezes na bola ou em duas bolas ao mesmo tempo. Talvez porque quem tem tempo para jogar este tipo de "jogos de salão" é ocioso ou preguiçoso, a palavra "bilhardar" passou a significar também "vadiar".
Mas se procurarmos melhor, não são apenas os homens que vadiam; as mulheres, essas são as "bilhardeiras", o que é o mesmo que ser uma "mulher de levar e trazer, intrigguista, que anda de casa em casa dando notícias". Claro, este é o sentido que todos conhecemos...
Agora querem saber o melhor...? O Grande Dicionário da Língua Portuguesa, de José Pedro Machado, não indica que esta seja uma palavra usada apenas na Região. Será, então, um regionalismo?
Vamos espreitar noutro Dicionário, agora o Grande Dicionário da Língua Portuguesa, de Cândido de Figueiredo, para tirar a dúvida: "bilharadar" é ou não uma palavra de uso exclusivo na Madeira?
Pois, Cândido de Figueiredo dá "o seu a seu dono"... Aqui, "bilharistas" são os jogadores de bilhar; "bilhardão" é o mesmo que vadio e "bilhardar" (que afinal - como aprendemos neste Dicionário - vem do termo francês "billarder" e significa, jogar, vadiar ou conversar abundantemente), em linguagem popular é "vadiar".
Mas neste dicionário assinala-se que este é um termo usado especificamente na Madeira, pois "bilhardeira" é uma mulher enredadeira, mexeriqueira.
Então, afinal, aqui também teve o seu dedo o francês...
Mas há outros exemplos: o tratuário madeirense é uma adaptação do passeio francês (onde os cavalos andavam a trote...)
E do Inglês, haverá algum exemplo? Angrinha, por exemplo, que significa ter vontade de trincar alguma coisa, um "dentinho", quem sabe?
Para podermos desfiar a conversa, aqui ficam alguns outros exemplos de regionalismos madeirenses.
Quer participar? Que tal ajudar-nos a 'topar' outras palavras ou expressões madeirenses e a compreender melhor o que significam? Ligue ou escreva-nos... Talvez consigamos "ver um mosquito nas desertas" (e, já agora, sabe o que significa esta expressão...)

Atremar - Ver, compreender.
Atupir - enterrar, tapar.
*Batoque - Rolha; rolha grande para tapar os orifícios das pipas de vinho; pessoa baixa e gorda
Bicho de pêssego - Diz-se de quem é irrequieto.
Buzico - Nome que dão às crianças.
Carroulo - Parte de trás do pescoço; alto da cabeça ou galo (cf. carolo).
Dentinho - Petisco para tomar bebidas.
Emantado - Triste; doente.
Estepilha! - Define admiração.
Joeira - Papagaio de papel (no Dicionário da Academia das Ciências, é atestado como regionalismo madeirense).
Lapinha - Trono ornamentado onde se coloca o Menino Jesus no Natal.
Mais velho qu’ o norte - Muito velho.
Nan fósses - Não mexas (cf. "fossar": revolver, escavar).
Olho de boi - Lanterna a pilhas.
Pancume - Pancadaria.
Reina - Zanga (semelhante a enfurecer-se, ficar zangado; no Dicionário da Academia das Ciências é registado como regionalismo madeirense).
Renheta - Indivíduo de nunca está satisfeito.
Rezonda - Repreensão em caso de discordância (palavra semelhante a "rezinga": embirração; resmunguice).
Stefan - Roda sobressalente de um automóvel (quando foi inventada a roda sobressalente, pela fábrica Stepney Road Grip, em 1914, logo se usou o nome da fábrica para definir essa roda). Trambolhar - Cair (cf. "trambolhão").
Trompicar - Cambaliar.
Ver um mosquito as desertas - Diz-se de pessoa que tem boa vista.

Fonte:
Falares da Ilha de Abel Marques Caldeira , 2ª edição, 1993

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Quer no começo, quer no fundo, em Fevereiro vem o Entrudo.







BREVE HISTÓRIA DO CARNAVAL, que afinal é mais português do que parece...






O entrudo chegou ao Brasil por volta do século XVII e foi influenciado pelas festas carnavalescas que aconteciam na Europa.



Em países como Itália e França, o carnaval ocorria em formas de desfiles urbanos, onde os carnavalescos usavam máscaras e fantasias. Personagens como a colombina, o pierrô e o Rei Momo também foram incorporados ao carnaval brasileiro, embora sejam de origem européia.



No Brasil, no final do século XIX, começam a aparecer os primeiros blocos carnavalescos, cordões e os famosos "corsos". Estes últimos, tornaram-se mais populares no começo dos séculos XX.



As pessoas mascaravam-se, decoravam os carros e, em grupos, desfilavam pelas ruas das cidades. Esta é a origem dos carros alegóricos.



No século XX, o carnaval foi crescendo e tornando-se cada vez mais uma festa popular.






O carnaval foi chamado de Entrudo por influência dos portugueses da Ilha da


Madeira, Açores e Cabo Verde, que trouxeram a brincadeira de loucas correrias,


mela-mela de farinha, água com limão, no ano de 1723, surgindo depois as


batalhas de confetes e serpentinas.



No Brasil o carnaval é festejado tradicionalmente no sábado, domingo, segunda e terça-feira anteriores aos quarentas dias que vão da quarta-feira de cinzas ao domingo de Páscoa.







No Jornal de Copacabana pode ler-se:



"Foi graças a Portugal que o entrudo desembarcou na cidade do Rio de Janeiro.



O termo, derivado do latim introitus significa entrada, início, nome com o qual a Igreja denominava o começo das solenidades da Quaresma.



Tanto em Portugal, como no Brasil, o Carnaval não se assemelhava aos festejos da Itália Renascentista; era uma brincadeira de rua muitas vezes violenta.



Escravos molhavam-se uns aos outros, usando ovos, farinha, cal, laranja podre, restos de comida, enquanto as famílias brancas se divertiam nas suas casas derramando baldes de água suja em passantes desavisados, num clima de quebra consentida de extrema rigidez da família patriarcal.



A maioria dos estudiosos afirma que o Carnaval brasileiro surgiu em 1723, com a chegada de portugueses das Ilhas da Madeira, Açores e Cabo Verde, que trouxeram a brincadeira de correrias, mela-mela de farinha, água com limão, vindo depois as batalhas de confetes e serpentinas.



O primeiro registro de baile é de 1840. Com o passar do tempo e devido a insistentes protestos, o entrudo civilizou-se, substituindo as substâncias grosseiras por outras como os limões de cheiro (pequenas esferas de cera cheias de água perfumada), frascos de borracha ou bisnagas cheias de vinho, vinagre ou groselha. Estas últimas foram as precursoras dos lança-perfumes introduzidos em 1885.



...foram os portugueses das Ilhas da Madeira, Açores e Cabo Verde que trouxeram o Carnaval para o Brasil. Muitos deles eram marranos, cristãos-novos que mantinham uma vida judaica em segredo, fugindo da Inquisição. Os judeus portugueses fugindo à Inquisição foram primeiro para as Ilhas Atlânticas (Madeira, Açores, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe) e depois para o Brasil. Muitos se dedicavam à cultura da cana do açúcar, que depois continuaram no Brasil.



Boa parte do sul do Brasil, principalmente Santa Catarina, foi povoado por cristãos-novos oriundos da Ilha dos Açores e da Ilha da Madeira.



Em Pernambuco, a primeira presença documentada de cristãos-novos, visando a fixar permanência, data de 1542 quando da doação das terras a Diogo Fernandes e Pedro Álvares Madeira, nas quais pretendiam erguer o Engenho Camaragibe.



O primeiro era marido de Branca Dias, que, nesta época, respondia a um processo por práticas judaizantes perante o Tribunal do Santo Ofício de Lisboa, só se transferindo para o Brasil por volta de 1551; o segundo, oriundo da Ilha da Madeira, era especialista no fabrico de açúcares..."









Carnaval-Provérbios.




Carnaval na eira, Páscoa à lareira.


Carnaval na rua: Páscoa em casa.


É carnaval ninguém leva a mal .


Entrudo borralheiro, Páscoa soalheira.


A vida são dois dias.O Carnaval são três .


No Carnaval nada parece mal.



É Carnaval, ninguém leva a mal.


No Entrudo come-se tudo.


Salmão e sermão têm na Quaresma a sua estação.


Não há Entrudo sem lua nova nem Páscoa sem lua cheia.


Entrudo borralheiro, Natal em casa, Páscoa na praça.


Namoro de Carnaval, não chega ao Natal.









Trinta dias tem Novembro, Abril, Junho e Setembro. De 28 ou 29 há só um, os outros todos têm trinta e um...






Fevereiro:






S. Brás te afogue que Deus não pode.


Neve em Fevereiro, presságio do mau celeiro.


Fevereiro quente, traz o diabo no ventre.


Fevereiro é o mais curto mês e o menos cortês.


Aí vem o meu irmão Março, que fará o que eu não faço.


Bons dias em Janeiro, enganam o homem em Fevereiro.


Em Fevereiro chuva, em Agosto uva.


Quando não chove em Fevereiro, nem bom prado, nem bom palheiro.


Chuva de Fevereiro vale por estrume.


Aproveite Fevereiro quem folgou em Janeiro.






Programação do Carnaval 2009 no Funchal.



20 de Fevereiro, 6ª Feira
Animação na Baixa Citadina:
10h30 – 11h45 – Festa de Carnaval das Crianças – Placa Central da Avenida Arriaga
10h30 – 12h30 – Grupo de Teatro de Animação
10h00 – 15h00 – Banda Distrital do Funchal
14h30 – 17h00 – “Carnaval Solidário” no Jardim Municipal, organizado pela Associação de Desenvolvimento Comunitário do Funchal
15h00 – 20h00 – Banda Municipal do Funchal
16h30 – 19h30 – Banda do Canecão




21 de Fevereiro, Sábado
Animação na Baixa citadina:
10h00 – 13h30 – Banda do Canecão
10h00 – 15h00 – Banda Distrital do Funchal
15h00 – 20h00 – Banda Municipal do Funchal
19h30 – 24h00 – Grupo de Teatro de Animação no itinerário do Cortejo Alegórico
20h50 – 21h00 – Fogo de Articio no Molhe da Pontinha
21h00 – Cortejo Alegórico de Carnaval com a participação de oito grupos
Itinerário: Partida da Praça da Autonomia (lado Sul), Avenida do Mar e das Comunidades Madeirenses (faixa Sul), mudança para faixa
Norte (frente ao Marina Shopping) e subida pela R. Dias Leite, Rotunda do Infante, Av. Arriaga (faixa Norte – até ao Banco de
Portugal), Avenida Zarco (faixa Norte), Rua Câmara Pestana e Praça do Município.
21h00 – Espectáculo Musical na Praça do Município
Grupos participantes no Cortejo Alegórico
- Turma do Funil – “Os 4 elementos da Natureza”
- Veteranos da Folia – “As 4 Estações”
- Associação FuraSamba – “Dancing to the Moon”
- Associação de Animação Geringonça – “Viagem Espacial”
- Escola de Samba Caneca Furada – “2030 Caneca no Espaço”
- Fábrica de Sonhos – “Viagem ao Imaginário”
- Escola de Samba – Os Cariocas – “ A Essência do Universo”
- João Egídio Andrade Rodrigues – “Deuses do Sistema Solar”




22 de Fevereiro, Domingo



Animação na Baixa Citadina:
10h00 – 15h00 – Banda Distrital do Funchal
15h00 – 20h00 – Banda Municipal do Funchal
16h00 – 19h30 – Banda do Canecão
15h30 – 18h30 – Grupo de Teatro de Animação




23 de Fevereiro, 2ª Feira
Animação na Baixa Citadina:
10h00 – 19h00 – Banda do Canecão
10h00 – 15h00 – Banda Distrital do Funchal
15h00 – 20h00 – Banda Municipal do Funchal
15h00 – 18h00 – Grupo de Teatro de Animação




24 de Fevereiro, 3ª Feira
16h00 – Cortejo Trapalhão
, com participação livre.
Itinerário: Partida da Praça da Autonomia (lado Sul), Avenida do Mar e das Comunidades Madeirenses (faixa Sul), mudança para faixa
Norte (frente ao Marina Shopping) e subida pela R. Dias Leite, Rotunda do Infante, Av. Arriaga (faixa Norte – até ao Banco de
Portugal), Avenida Zarco (faixa Norte), Rua Câmara Pestana e Praça do Município.
17h30 – Espectáculo Musical na Praça do Município

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Y; e também a trazer água no bico.






s. m.,
1.Vigésima quinta letra do alfabeto português;sinal gráficoque, em palavras de origem estrangeira (ou seus derivados), muitas vezes de entrada recente no Português, representa o som -i-.

2.Alg. letra mais usada para designar, ou uma segunda incógnita, sendo a primeira designada por x, ou uma função da variável x.

3. Geom. Designação mais usual da segunda das coordenadas cartesianas , a ordenada.

4.Quím. símbolo do ítrio (grafado em maiúscula);

5. Biol. Cromossoma sexual, presente só no homem.

6. funç adj. Em posição pós -nominal ou precedido de algarismos apresenta valor ordinal, indicando o vigésimo quinto lugar numa série ordenada alfabeticamente.

em Y, loc.adv., em forma de letra Y. O tráfego naquela zona da cidade distribui-se em Y.



Há 16 palavras iniciadas com a letra Y, no Dicionário da Academia das Ciências. Aqui estão algumas:



yacht-s.m. (Ingl.) V. iate



yang-s.m. (Chin.) O princícpio masculino, activo, celeste, penetrante, quente da filosofia taoísta chinesa. "Os exercícios básicos assentam no princípio do desequilíbrio, na lógica dos antagonismos e na interacção dos opostos ´yin´ e ´yang´" (Expresso. 8.5.1993) Pl. yangs.

yankee-adj.s.m.(Ingl).V. ianque.

yen-s.m.(Jap.).V.iene

yeti-s.m. (Ingl). Hominídeo lendáriodo Himalaia, cuja existêncianunca foi comprovada: o abominável homem das neves. Pl. yetis.

yé-yé-s.m.(Fr). V. ié-ié.

yield-s.m. (Ingl). Econ. V. rendimento.

yin-s.m.(Chin).O principio feminino, passivo, terrestre, absorvente, frio e obscuro, da filosofia taoístachinesa. Pl. yins

yoga-s.m. (Do sãnscr. yoga "união", "esforço").V.ioga.

yorkshiriano, a- adj. Que é do condado inglês de Yorkshire ou dos seus habitantes; que lhes diz respeito.

yuan-s.m. (do Chin.). Unidade monetária da China. Pl. yuans.

yuppie-s.m. (Ingl., sigla de young urbain professional). Profissional jovem e ambicioso, em relevo nos anos 80, que ganha muito dinheiro e o gasta em actividades e bens caros.
" O executivo da próxima década já não será o yuppie que fez furor nos anos oitenta e que chegou mesmo a dar corpo a um autêntico estilo de vida nos Estados Unidos." (Liberal, 30.9.1989). Pl. yuppies.

Y na Wikipédia

E como "o prometido, é devido", aqui ficam alguns provérbios a "meter água":

-Água dá, água leva.


-Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.


-Águas passadas, não movem moinhos.


-Em Abril, águas mil.


-Gato escaldado, de água fria tem medo.


-A água lava tudo, menos as más acções.


-Água e conselhos, só se dão a quem os pede.


-Cada um leva a água para o seu moinho.


-Dinheiro mal ganho, água o deu, água o levou.


-Fazer bem ao velhaco é lançar água dentro do saco.


-Não te fies em água que não corra, nem em gato que não mia.


-Pode levar-se o cavalo até à água, mas não se pode obrigá-lo a bebê-la.


-Presunção e água benta, cada um toma a que quer.


-Quando a fonte seca é que a água tem valor.


-Quem não poupa água e lenha, não poupa nada que tenha.



- Nunca digas desta água não beberei





Finalmente, Y em braille: