quarta-feira, 25 de março de 2009

Ter pano para mangas e fazer correr muita tinta.

«Não ter pano para mangas» significa não ter por onde se alargar, não dispor de recursos suficientes para o que quer fazer...


Literalmente falando, não ter pano para mangas significa não ter tecido suficiente para fazer as mangas da peça de vestuário.



Ora, a manga, embora seja uma parte importante da referida peça, pode não existir, ou seja, a sua ausência não inviabiliza por completo a peça de vestuário: pode haver uma blusa sem mangas, um vestido sem mangas, uma camisola sem mangas ou, mesmo, em extremo, um casaco sem mangas.


Assim, quando alguém diz que não tem pano para mangas, pretende, em sentido figurado, dizer que não pode ir muito longe, não dispõe de muitos recursos, está limitado, ou, mesmo, que está atarefado, não podendo prestar atenção a tudo ou a todos que a solicitem.



Daí surgiu a expressão «ter pano para mangas», que significa ter muitos recursos, ter muitas potencialidades, ter muitos aspectos, ser extenso.


Por exemplo, com a afirmação «esse assunto tem pano para mangas», pretende dizer-se que esse assunto vai dar muito que falar, tem muitos aspectos que vão permitir que se discuta longamente sobre ele.

Com o mesmo sentido, existe «dar pano para mangas».



Se um tema dá pano para mangas, tal significa que vai permitir muita discussão, muitos comentários.


«Dar mangas» é uma expressão menos utilizada: significa fornecer meio ou ocasião para fazer alguma coisa.






Finalmente, a expressão «fazer correr muita tinta» faz lembrar a escrita com caneta de tinta permanente, em que a tinta desce pelo aparo e corre para o papel.



«Fazer correr muita tinta» significa, portanto, dar origem a que muito se escreva sobre o assunto.

Assim, em determinados contextos, a expressão «ter pano para mangas» tem um significado próximo de «fazer correr muita tinta».





In Ciberdúvidas.

3 comentários:

  1. Boas tardes...

    tem uma expressao que se usa com o "canao"

    "Passa-me isso canao parto-te todo" canao é senao..

    Tambem tem uma expressao que usavamos na escola..que nao sei se podem dizer... que é "cara de cú à paisana" que era usado naquelas situações que havia alguem que tinha feito asneira..mas que fazia que nao era nada com ele...

    Tenham uma boa tarde :)

    JB

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  2. Boa tarde D. Xana e D. Diana,

    Lembrei-me de um termo que, apesar de ser conhecido, no contexto madeirense tem outro significado que é o "capacete", quando nos referimos ao tempo quente mas com nuvens baixas que parecem roçar a cabeça.

    Lembrei-me do cambado, que usávamos muito quando íamos para os arraiais e no meio de um brinco aparecia algum.
    Aí dizíamos que já tínhamos a romaria pronta porque "Não há romaria sem cambado".
    Por falar nisso, pode acrescentar na letra B o brinco, o grupo de pessoas que se junta e canta ao despique (ou ao desafio, para a Diana Pimentel entender) geralmente em festas e arraiais.
    Acho que já tinha mencionado uma expressão mas que não tenho a certeza de ser tipicamente regional que é:

    "Dia de fartura é véspera de miséria".

    Feita alguma pesquisa não consegui encontrá-la em sítio algum.

    Indo aos habitantes de zonas da ilha, os habitantes de S. Gonçalo chamam-se lapeiros (talvez devido a alguma ligação à apanha das lapas e penso que já foi aí mencionado). Acrescento que as alcunhas que indiquei são todas de lapeiros.

    Acrescento ainda um termo (julgo ser regional, corrijam-me se estiver errado) que me lembrei e que é braçado

    (Um) Braçado : uma grande porção de alguma coisa.

    Ex:
    - Aquele carro custa um braçado de dinheiro.
    - O homem levava um braçado de erva para deitar às cabras.

    Melhores cumprimentos
    Henrique Freitas


    --
    PS: Quanto ao engilhado, dou um exemplo para ser mais fácil de atremar: Tenho de engomar a roupa porque está engilhada.

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  3. Boa noite.
    Quanto ás alcunhas,quando o meu pai estudava no continente chamavam-lhe "Caruncho", por ser o bicho da madeira.Ele era o unico Madeirense que lá estava.Eu quando a tirar o curso chamavam-me "cabrita do monte", porque subia e descia as escadas sempre a correr.Também houve uma "baleia azul" era uma amiga gorda que tinha um fato-de-banho azul.E um "rabo-de-leque" que tinha um rabiosque gordo.Conheci também um "perlicas" que era muito magrinho.
    Quanto a palavras e expressões, a empregada da minha mãe distingue "morte matada"(assassinado) de "morte morrida"(morte natural).Aqui em casa,a minha empregada usa termos tipo "imbigo"(umbigo),"ursula"para úlcera e "uveiros" para ovários e em vez de dizer pepino diz "pipino".
    Fica um pequeno contributo para o vosso programa.
    Cumprimentos
    Rosário

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